Lendas de Portugal 3(lendas de Chaves)

 Depois da reconquista de Chaves pelos Mouros ficou alcaide do castelo um guerreiro. Este organizou o noivado entre o seu filho Abed e a sua sobrinha. A bela moça não negou Abed, pois nenhum dos poucos mouros que ali ficaram lhe despertara paixão.

Alguns anos mais tarde, os cristãos iniciaram a conquista da região de Chaves, tendo mesmo atacado a cidade. O alcaide e seu filho encabeçaram a resistência moura e a defesa do castelo.

Numa ocasião, enquanto apreciava os combates, a sobrinha do alcaide fixou os olhos num belo guerreiro cristão que ganhava com os seus homens cada vez mais posições no castelo. No mesmo instante, surpreendido, o guerreiro parou a ofensiva. Interpelou-a acerca da presença de uma tão bela moça num triste espetáculo daqueles e perguntou-lhe também se estava sozinha.

Quando a moura respondeu que vivia com o tio, alcaide do castelo, o guerreiro mandou levá-la imediatamente para o seu acampamento. A luta prosseguiu entretanto, e o castelo acabou por ser tomado.

Contudo, a jovem moura manteve-se refém dos cristãos e passou a viver feliz com o cavaleiro que a raptara. Abed nunca lhe perdoou.

Depois de se ter curado de um ferimento de guerra, voltou a Chaves disfarçado de mendigo. Certo dia, esperou que a sua prometida passasse na ponte e pediu-lhe esmola. A jovem estendeu a mão ao pedinte e, nesse momento, Abed olhando-a nos olhos, disse-lhe que ficaria para sempre encantada sob o terceiro arco da ponte. Só o amor dum cavaleiro cristão - não aquele que a levou - poderia salvá-la. Contudo, disse-lhe também que esse cavaleiro nunca viria.

Depois destas palavras, a jovem moura, que tinha reconhecido Abed, desapareceu para sempre. Abed fugiu de seguida.

Desesperado, o guerreiro cristão que com ela vivia tudo fez para a encontrar. Procurou incessantemente na ponte e até pagou para que lhe trouxessem Abed vivo para quebrar o encanto.

Mas a moura encantada da ponte de Chaves nunca mais apareceu e o cristão morreu numa profunda dor e saudade ao fim de alguns anos.

Comentário:

Olá tudo bem? Desculpem o fato de ter demorado muito a publicar algo novo, principalmente esta série que sei que vocês gostam, mas aqui estou eu, voltei em grande outra vez e também desculpem o fato de não saber do título desta lenda mas espero a vossa compreensão, pois não é nada fácil encontrar estes materiais.

Bom vamos começar...

Esta lenda terá passado por volta de 868, data da reconquista cristã, que terá formado o condado portucalense, nesta lenda e pesquisando as datas de consegui perceber a explicação que se dá ao fato de que a nossa região do Norte de Portugal não tem tanta influência árabe, como o sul do nosso país que só começou a ser reconquistado aos mouros, por volta de 1147, data da conquista de Lisboa aos mouros (o condado portucalense é basicamente o que equivale hoje ao Norte e um pouco do Centro do nosso país). Certamente o castelo é o que conhecemos hoje, o famosíssimo Castelo de Chaves e quero acreditar que a ponte seria a ponte romana que ainda naquela altura era muito importante.

Imagino tudo a acontecer nestes local de Chaves que outrora, de certeza que eram locais cheios de feiras, romarias, canções trovadorescas e muita união apesar das guerras que ali passavam! E hoje o que temos? Um silêncio enorme. Um turista ou outro lá para o Verão (sei que Chaves ainda recebia muitos turistas antes do vírus, mas comparando a outras cidades, o turismo na nossa região ainda é muito fraco, eu acho que, tem que se incentivar mais, principalmente depois desta crise pandemica) e um ou outro adolescente, jovem ou algo do gênero fazendo variadíssimas coisas que não devem dentro do património histórico desta cidade que eu tanto amo!

Agora falando da nossa bela jovem, muito provavelmente a moça que fala a lenda não tinha pais, nem irmãos pois se tivesse ficava aos cuidados deles, pois naquela altura as mulheres não podiam ficar sem um "tutor masculino", também pode se observar pela lenda que naquela altura os homens tinham muito mais respeito pelas mulheres do que hoje, apesar de parecer que não, porque aos olhos do ser humano de hoje em dia, aquela era uma sociedade machista demais.

Esta não é a única lenda que temos em Chaves e que eu tenho para contar para vocês com características românticas, por isso eu acho que esta cidade está envolvida num grande misticismo romântico e acho que os meus leitores não deveriam perder a oportunidade de vir conhecer esta cidade!

Quem sabe se não encontram novos horizontes por aqui?

Digam nos comentários se gostavam de visitar Chaves!

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